16/02/11

Contra a corrente, como sempre



Pablo Larsen


Morrer tal como nascer é um acto solitário.
Nasce-se a esbracejar, a chorar, em sofrimento, sozinho, por mais médicos e pais que estejam em volta, talvez sem se ter consciência disso. Morre-se com sofrimento, a chorar. Há alguns, poucos, abençoados que morrem enquanto dormem.
Morre-se só, mesmo que acompanhado por familiares, porque a morte é a maior solidão. Quem parte não poder ser acompanhado e tem consciência disso.
Morrer é o corte com tudo o que se conheceu. Morre-se sabendo que nada mais há e, mesmo para aqueles que acreditam numa qualquer outra forma de vida, haverá sempre a angustiosa dúvida se há o que acreditam, ou pelo menos se merecem o paraíso, seja lá o que isso for.
Sem querer generalizar, quem disse que viver sozinho é viver em solidão? Há tanta solidão que vive acompanhada.
Quem disse que um lar é melhor do que a escolha de viver em sua casa e lá querer morrer? Quem disse que num lar se está menos só do que se está só em casa?
Morrer num hospital ou morrer num lar não é a mesma coisa que morrer só? É morrer!
Morrer é o acto mais solitário da vida.É a maior solidão.

Sem comentários: