07/03/11

Carnaval



Quando era menina quase tudo o que aprendi foi o que não deveria fazer-se, no amor, na educação dos filhos, nas amizades, no dia-a-dia. Todos usavam máscaras, as piores e mais violentas.
Senhor! Eram tantas e tantas coisas que a tarefa seria hercúlea. A vontade de não repetir o que tinha visto ou sentido, sempre foi muita.
Erros meus, tantos.
Levar o menino pela mão com muito amor e carinho e saber abri-la no tempo certo. O tempo certo é o mais difícil, tanto quanto se está a fazer um ponto de açúcar, levantar o líquido na colher e deixá-lo pingar e perceber pela maneira como escorre que é tempo, naquele segundo, de apagar o lume
Saber abrir a mão e deixar correr o menino é coisa dolorosa. A mão quer abrir mas continua fechada, estremece, dá como desculpa que ele ainda pode cair, dá como desculpa que ainda não saberá escolher, torna a estremecer e afrouxa só um bocadinho, só aquele bocadinho em que ele sente, mas ainda não consegue libertar-se, para depois já pingando lágrimas a entreabrir e deixá-lo voar.
Assistir ao voo, estar ao lado nas quedas e esperar, esperar sempre que as assas não se quebrem, que o sonho dele esteja presente, que não passe ao lado.
Não pode haver hipocrisias, mesmo que se derrame a alma ou o coração e assistir, porque não é meu o sonho, ao desenrolar do sonho dele, quer se goste ou não.
Talvez por isso nunca gostei de carnavais ou máscaras.

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